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Aedes aegypti e Albopictus: Dupla Transmissão Amplifica Infecção de Dengue

by Nilceia Fraissat
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Aedes aegypti

Pesquisadores da UFMG identificaram uma associação positiva, de ajuda mútua,  entre os vírus de insetos e o da dengue. Essa associação é incomum quando um organismo é duplamente infectado e amplia a transmissão da dengue. 

Segundo os pesquisadores da UFMG, compreender os fatores que afetam a transmissão dos vírus de mosquitos para humanos é uma prioridade, pois possibilita que a saúde pública realize intervenções mais direcionadas.  A pesquisa foi realizada com duas espécies de mosquitos do gênero aegypti e albopictus. No total, foram analisados 815 mosquitos coletados em 12 países em todo o mundo.

De acordo com o professor João Trindade Marques do Departamento de Bioquímica e Imunologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG e líder do grupo responsável pela pesquisa, a associação positiva identificada entre a transmissibilidade da dengue e a presença de vírus específicos nos mosquitos é incomum. Segundo ele, em geral, quando um organismo é infectado por dois vírus, o mais comum é que haja uma competição entre eles. 

O Professor João Trindade informou ainda que na análise, conduzida no Laboratório de RNA de Interferência do ICB, os pesquisadores identificaram 12 vírus circulantes, 10 presentes em Aedes aegypti e dois em Aedes albopictus. Na análise realizada  por região, foi encontrado no máximo, seis vírus circulando num dado momento em uma única população de mosquitos, o que segundo ele, ainda é um número altíssimo.

Conheça melhor o Mosquito – Aedes aegypti

Com origem africana e, mais especificamente, egípcia, o Aedes aegypti se tornou conhecido por transmitir arboviroses -doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos- aos seres humanos. 

Ele se diferencia dos outros mosquitos por ter listras brancas pelo corpo e asas que emitem ruídos com frequências quase inaudíveis aos humanos. O Aedes aegypti vive cerca de um mês, e a fêmea pode gerar mais de 300 ovos nesse período. 

O mosquito macho, ao contrário do que muitas pessoas tendem a imaginar, se alimenta apenas de frutas, à procura de seiva, de néctar e de outras substâncias ricas em açúcar. Já a fêmea, apesar de também se alimentar das frutas, precisa ingerir sangue para que ocorra a maturação dos ovos. 

Justamente por isso, o homem não é picado pelo Aedes aegypti macho, uma vez que a hematofagia -alimentar-se de sangue- não faz parte do seu hábito alimentar. Assim, somente a fêmea pica os seres humanos em busca de sangue, para que seus ovos se desenvolvam de modo completo.

O Aedes aegypti é um mosquito com hábitos doméstico e diurno. Isso significa dizer que ele se situa ao redor de residências e outros estabelecimentos frequentemente ocupados por pessoas (como escolas e comércios) e prefere se alimentar de sangue humano ao amanhecer e ao entardecer. Mas, a fêmea não pica somente durante o dia, pois tenta aproveitar todas as oportunidades que tem. 

A desova acontece, preferencialmente, em ambientes com disponibilidade de água limpa e parada. Porém, os ovos possuem certa resistência ao ressecamento, e essa característica permite que eles sobrevivam bastante meses em localidades secas. Apesar do contato com a água, os ovos não são colocados no líquido em si, mas sim nas paredes dos criadouros, em regiões próximas à superfície da água. 

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Entenda o que mais atrai o mosquito da dengue

transmissão da dengue

O Aedes aegypti, popularmente conhecido como mosquito da dengue, tem suas preferências, e algumas situações se mostram mais atrativas a ele. Conforme dito anteriormente, ele é caracterizado como sendo um mosquito doméstico. Por esse motivo, áreas urbanas e com maior densidade populacional chamam muita atenção desse inseto. 

Assim, as cidades com inúmeros domicílios, igrejas, praças, lojas, escolas, parques, universidades e outros locais muito frequentados pelos cidadãos atraem o mosquito da dengue intensamente. 

As altas temperaturas e a água acumulada também são fatores atrativos ao Aedes aegypti, por favorecerem a eclosão dos ovos. Isso explica o porquê do Brasil ser um habitat interessante -principalmente no verão- para o inseto, já que o extenso território brasileiro, além de quente, é rico em recursos hídricos. 

Dessa maneira, o mosquito da dengue é atraído por recipientes que possuem esse tipo de ambiente: úmido e quente. Caixa d’água, vaso de planta, pneu, folha e buraco de árvores (como bambu e bromélia), garrafa e piscina são alguns exemplos de itens que atraem, e muito, o Aedes aegypti. 

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Doenças provocadas pelo Aedes aegypti

Como mencionado acima, o Aedes aegypti provoca arboviroses nos seres humanos. Isso porque ele é um vetor de vírus que provocam doenças. Confira quais são as enfermidades transmitidas pela picada desse mosquito:

Dengue

A Dengue é uma doença febril que atinge indivíduos de todas as faixas etárias. Ela se manifesta de forma mais intensa em idosos e naqueles que possuem hipertensão arterial, diabetes e outras doenças crônicas. Sua versão mais grave pode causar hemorragias e, até, levar a pessoa à morte. 

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2022 houve mais de mil mortes por dengue no Brasil. Essa informação revela a recorrência e a importância de se combater a doença, que é a principal transmitida pelo Aedes aegypti. 

Chikungunya

Introduzida no continente americano em 2013, a Chikungunya também é uma enfermidade febril. Ela gera sintomas semelhantes aos da dengue, como febre, dor de cabeça, náusea e dores no corpo. Em situações mais graves, a doença afeta os sistemas nervoso e cardiovascular, os rins, a pele e os olhos, podendo causar morte. 

Zika

aedes aegypti doenças

A Zika é uma doença em que a maior parte dos infectados ficam assintomáticos ou febris, com sintomas parecidos com os da dengue e da chikungunya. Todas as idades e os sexos estão suscetíveis à contaminação, mas pessoas grávidas, idosas ou com comorbidades têm mais chances de desenvolver complicações clínicas, podendo ir a óbito. 

É importante ressaltar que há estudos que mostram a relação entre a zika e complicações neurológicas, tendo a síndrome de Guillain-Barré e a microcefalia congênita como exemplos. 

Febre amarela urbana

A Febre Amarela Urbana, assim como as outras doenças citadas, é uma enfermidade febril. Ela é endêmica na região amazônica e pode se apresentar em versões agravadas, chegando a causar icterícia, hemorragia e insuficiência de múltiplos órgãos. 

Felizmente, há vacina para essa doença, e é importante que haja alta cobertura vacinal em todo o país. Isso reduz a ocorrência de infecções, deixando a população mais saudável e protegida contra o vírus. 

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Combate ao Aedes Aegypti: dicas de prevenção e controle  

Para que o mosquito da dengue não cause tantos prejuízos à população, é preciso combatê-lo. Existem diversas medidas pensadas para prevenir e controlar a ocorrência de doenças provocadas por esse inseto. 

Veja algumas dicas para combater o Aedes aegypti:

  • Manter caixas d’água, barris e tonéis completamente tampados
  • Guardar garrafas tampadas ou com a boca para baixo
  • Não jogar lixo em terrenos baldios
  • Eliminar os focos de água parada 
  • Utilizar repelente (para evitar a picada)
  • Colocar areia em vasos de planta ou monitorá-los semanalmente 
  • Manter a piscina limpa 
  • Jogar as larvas do mosquito em solo (chão ou terra) seco
  • Lavar as paredes dos recipientes que servem como criadouros 
  • Guardar baldes com a boca para baixo 
  • Limpar calhas, ralos e canaletas
  • Monitorar buracos, folhas e flores de plantas e de árvores

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Entenda por que a dengue pode matar

Aedes aegypti pesquisa UFMG

Uma das principais preocupações com relação ao Aedes aegypti é que as doenças provocadas por ele, muitas vezes, geram óbitos. A dengue pode matar porque um dos sintomas do seu quadro avançado e grave é a ocorrência de hemorragias. 

Em um choque hemorrágico, o indivíduo perde, aproximadamente, 1 litro de sangue de uma só vez. Esse cenário faz com que o coração não consiga bombear o sangue para todo o corpo, prejudicando a oxigenação e, por consequência, o funcionamento dos órgãos. 

Além disso, a multiplicação do vírus no sangue o torna mais espesso, e isso deixa a circulação mais lenta. Assim, ocorre a queda da pressão arterial, podendo gerar coágulos e causar trombose, que também leva à morte. 

Dicas para identificar o mosquito da dengue

O mosquito da dengue tem algumas características que o distingue dos mosquitos comuns. Para identificá-lo, a dica é observar o corpo do inseto, uma vez que o Aedes aegypti tem listras brancas na cabeça, no tronco e nas pernas. 

Essas listras brancas são sua “marca registrada”, o que facilita a identificação do mosquito. Com isso, é possível reconhecê-lo e tomar medidas para distanciá-lo ou matá-lo.

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